O sistema bancário brasileiro vive uma transformação profunda. De acordo com levantamento publicado pelo Valor Econômico em 6 de novembro de 2025, o número de agências bancárias no país caiu de 23.154 unidades em março de 2015 para 15.529 em setembro de 2025, uma redução de 7.625 agências, equivalente a 32,9% em uma década.
Esse movimento, que se intensificou durante a pandemia de coronavírus, reflete a digitalização dos serviços e a mudança de comportamento dos clientes, cada vez mais adeptos aos canais online.
Há dez anos, os cinco maiores bancos tinham, juntos, mais de 20 mil agências. Em 2025, o cenário mudou significativamente:
- Banco do Brasil: de 5.544 para 3.987 agências;
- Bradesco: de 4.654 para 2.104;
- Itaú: de 3.847 para 1.649;
- Caixa Econômica Federal: de 3.401 para 3.212;
- Santander: de 2.641 para 2.017.
O Bradesco lidera o fechamento, com 2.550 agências encerradas, seguido por Itaú (2.198), Banco do Brasil (1.557), Santander (624) e Caixa (189).
Estratégias e justificativas dos bancos
Durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre, Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, explicou que o banco fechou 1,6 mil pontos físicos em 12 meses, superando as metas, e planeja encerrar quase mil a mais no próximo ano. Segundo ele, essa “revisão do footprint” busca eficiência operacional.
Já Mario Leão, CEO do Santander, afirmou que a readequação da rede não se resume à redução de custos, mas à adaptação às novas demandas dos clientes digitais. “Vamos seguir com a agenda de eficiência e isso, eventualmente, deriva para a redução de processos, agências, pessoas”, declarou.
Em contrapartida, a CEO do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, defendeu a importância da presença física. Em evento recente, destacou: “Nós queremos uma inovação que inclua a todos. Somos o único banco que não fechou nenhum ponto de atendimento nos últimos dois anos. A rede física precisa se transformar, mas ela tem que existir, porque o brasileiro gosta de ir na casa da gente, gosta de ir na agência.”
Crescimento dos postos de atendimento e a nova lógica operacional
Enquanto o número de agências cai, os postos de atendimento (PAs) aumentaram de 10.474 em 2015 para 11.527 em 2025 — uma alta de 7,5%. Esses pontos têm custos menores, pois não manipulam numerário e dispensam estruturas caras como cofres e portas giratórias.
Essa migração reflete a busca dos bancos por modelos híbridos e mais enxutos, combinando presença física e digital.
A importância da rede lotérica da CAIXA
Em meio a essa transformação, a rede lotérica da CAIXA se consolida como um pilar essencial da inclusão financeira no Brasil. São mais de 13 mil unidades espalhadas em todos os municípios, muitas delas em locais onde não há mais agências bancárias.
Os lotéricos funcionam como correspondentes bancários da CAIXA, oferecendo serviços como pagamentos de benefícios sociais, FGTS, Bolsa Família, contas de luz e água, saques e depósitos. Em milhares de pequenas cidades, a lotérica é o único ponto físico de acesso a serviços bancários.
Dessa forma, enquanto os bancos reduzem presença física, a rede lotérica cumpre uma missão social: garantir que o cidadão continue tendo acesso ao sistema financeiro, especialmente nas regiões mais afastadas e vulneráveis.
Conclusão
A tendência de fechamento de agências deve continuar nos próximos anos, impulsionada pela digitalização. No entanto, a experiência mostra que o Brasil ainda precisa de pontos físicos de atendimento, e é nesse contexto que as lotéricas da CAIXA se tornam ainda mais relevantes — não apenas como canal de apostas, mas como instrumento de cidadania e acesso financeiro.
Matéria baseada em reportagem do jornal Valor Econômico, publicada em 6 de novembro de 2025.